27 de dez. de 2010

Um outro país no mesmo reino

Saudações diretamente da Escócia!!!!
Após 4 dias na casa de uma querida amiga em Ayr, zona rural escocesa, chegamos – eu, Daisy e Heather – à linda Edimburgo.
Vista do trem entre Galsgow e Edimburgo
Patinação no gelo. Tradição de inverno...
Chegamos aqui às 17h e estava quase escuro.
Deixamos as malas no hostel e fomos andar.
Paramos para tomar café e comer, e fomos ver uns pontos clássicos da cidade - que é bem bonita e histórica!
Felizmente não está tão frio e, como choveu, a neve está derretendo e, portanto, dá pra andar numa boa, sem grandes emoções.
O hostel (Budget Backpackers) é bem localizado, moderno e super equipado. Sem falar que já conheci 5 brasileiros!
Estou feliz por estar aqui, pois é mesmo mais um sonho que estou realizando.
Tive ótimos momentos em Ayr, mesmo diante do até então desconhecido frio de -10°C durante o dia, e -16°C durante a noite.
No dia 24, véspera de Natal, fomos à missa que contou com a presença de um lindo coral – o que fez a noite emocionante.
Na cultura européia, dia 25 é quando eles realmente festejam.
Acordei com uma daquelas "meias" vermelhas pendurada na porta do meu quarto, cheia de presentinhos bons e gostosos.
Mimos de Natal
Também vi dois veados andando na neve. Infelizmente, não consegui tirar fotos, mas, mesmo assim, foi super especial.Saímos para uma caminhada no mato e vimos uma cachoeira congelada. Linda!!!

Maravilhas da natureza
Neve e sol
Passamos o dia cozinhando. Após o almoço, trocamos presentes. Fiquei surpresa - e feliz - pelos presentes que ganhei. Livros, chocos e um gorro super bonito (e bem-vindo) costurado pela Daisy.
O jantar foi um banquete à luz d velas, seguido por papo a toa em frente à lareira.
Ouvimos o sotaque escocês que soa como outro idioma; visitamos o famoso castelo da pequena cidade; andamos na linda praia que além de areia, estava cercada por neve; assobiamos Jingle-bells como numa orquestra; caminhamos sobre o rio congelado; e, enfim, nos divertimos muito.
Eis mais um capítulo do meu “ano dos sonhos”. Que 2011 seja uma ótima continuação...

Dia lindo
Caminhando e cantando
Eu, Heather e Daisy



16 de dez. de 2010

Viva a vida

Final de ano. Tempo de festa. Tempo de reflexão. E, para mim, tempo de sensibilidade a flor da pele.
Por aqui dezembro significa tempo de frio, tempo de neve. Muita neve. Mesmo requerendo um ajuste do corpo – e do humor – para àqueles que não estão acostumados, reconheço a beleza e a graça que este clima proporciona. 
Em frente ao prédio onde moro
Trilha que vai pra cidade. Uma aventura para quem está de bibicleta.
Celebramos o Natal neste último final de semana, e a nossa festa contou com uma decoração 100% natural, além de uma banda escocesa e todas as suas danças tradicionais. Sob o ponto de vista de uma brasileira, o estilo foi muito semelhante à nossa festa junina.
Frutas secas para a decoração
Decoração natural
Dança tradicional escocesa
As pessoas estão voltando às suas casas, aos seus países e, aos poucos, o colégio está esvaziando e a comunidade ficando menor fisicamente... para mim, tempo de desafio e de exercer o desapego amoroso...
Diante de um susto com uma pessoa que amo muito (e que, felizmente, está bem), aproveito para lembrar a fragilidade da vida – que em um segundo pode mudar completamente – e ao mesmo tempo sobre o quanto tendemos a complicar o que é simples.
A todos, eis o meu voto neste final de ano: façamos valer o privilégio que é VIVER.

1 de dez. de 2010

Atualização requerida

Lembrete na cozinha
Já estamos em dezembro e sinto que o tempo está voando cada vez mais rápido. Diante de tantos bons momentos, é estranho imaginar que ficarei longe do colégio – e de todas as pessoas daqui – entre o Natal e o Ano Novo. Se bem que só posso imaginar grandes aventuras durante esse período que promete ser muito agradável...
Ontem tivemos a primeira nevasca do ano! Mesmo bem tímida, ela trouxe muita alegria para todos – principalmente para aqueles provenientes de países tropicais. As árvores já estão peladas, os pássaros mais recolhidos e o jardim e a horta menos produtivos (aparentemente).
O melhor programa do inverno consiste em deitar perto da lareira da biblioteca e celebrar a vida em comunidade.
Vida de mestrando no inverno... rs
De certa forma, tais situações têm estimulado o lado artístico daqueles que até então não tinham expressado seus talentos. Como exemplo, uma das mestrandas que é japonesa nos presenteou com lindas canções tradicionais de Okinowa, e agora temos até um grupo de costura para aqueles interessados nesta arte! Em outra área, um dos meus mais queridos amigos está construindo uma máquina de modelar madeira (para fazer combucas, colherers, etc) com as próprias mãos (como nos velhos tempos)! Tenho passado boa parte do tempo vendo-o trabalhar, tomando chimarrão e conversando, fascinada por cada movimento e pela evolução do processo. Especialíssimo...
Começo do projeto do Simon
Meu amigo/irmão cabeça-dura trabalhando... um exemplo de determinação...
E para concluir o diário resumido, registro mais uma celebração do Thanksgiving Day – desta vez dos Estados Unidos. Num jantar servido para 30 pessoas, o prazer de preparar em grupo tamanho evento foi mais uma prova do que a cooperação entre pessoas com boas intenções é capaz de fazer, transmitir e transformar. 
Eu e Chad (meu outro amigo/irmão) brindando a cerveja que fizemos há 3 semanas (tempo necessário para a fermentação)
Jantar de Thanksgiving

16 de nov. de 2010

Fireside - Dizeres do mestre

Satish Kumar - uma das nossas melhores, e mais queridas, referências
Ontem tivemos uma sessão com o Satish, na biblioteca, sentados no chão, próximos à lareira (por isso, o nome "fireside").
Segundo ele, "beleza" é composta por 3 princípios:
- Proporção: tamanho apropriado. Exemplo de algo não-proporcional: alguém morando sozinho numa casa grande, cheia de coisas sem serem usadas (aliás, todas as “coisas” devem ser belas e úteis)
- Equilíbrio
- Harmonia
A diferença entre equilíbrio e harmonia? O primeiro geralmente está relacionado aos extremos, aos opostos, ao ying yang. Já harmonia refere-se ao conjunto, ao todo.
A beleza emerge através da criatividade e da imaginação – e é a resposta para todas as questões, todas as dúvidas e conflitos.
Quando perguntado sobre o sentido da vida, Satish apenas respondeu que seres humanos vêm ao mundo a serviço da beleza. Diante da feiúra, observamos o quanto estamos nos ausentando da beleza.
Para ele não há desemprego. Estamos aqui para trabalhar em prol de algo belo, pois o resultado deste ato (criatividade+imaginação) transforma a vida e transforma o mundo.

14 de nov. de 2010

Resumo semanal

Na semana em que completei ¼ de século de vida, muita coisa aconteceu – incluindo boas e bem-vindas surpresas, como uma caixinha cheia de presentes vinda diretamente do Brasil, além de muitos outros mimos.
Muita alegria... sem falar no bolo de chocolate com pera...
Diante do módulo do curso voltado a Gaia, nossa mãe Terra e todos os sistemas vivos – e auto-reguladores (deixarei esta conversa para um outro momento) –, tivemos o privilégio de ouvir e conviver com toda a sabedoria (misturada com a doçura e motivação) do nosso querido professor/coordenador Stephan Harding. Sendo um dos aprendizes de James Lovelock – o tão aclamado cientista que desenvolveu a Teoria de Gaia –, Stephan nos levou a Dartmoor para observar os granitos – um tipo de rocha –, focando no ciclo do carbono. Mesmo num dia frio e chuvoso, diante de uma trilha desafiadora, o passeio valeu a pena.
Dartmoor
Pra finalizar a semana, nesta última sexta-feira, encaramos uma entusiástica caminhada pela linda costa inglesa, em Dartmouth. A ideia era “mapear” e de alguma forma sentir o que o nosso planeta vem passando/vivendo/experimentando durante os seus 4.600 milhões de anos. Além de tudo, foi uma das paisagens mais bonitas que já vi...

Stephan: Um grande mestre, um grande exemplo
Vista durante a trilha
Belezas da vida
E hoje, domingo, tendo a meia-lua na janela do meu quarto, escrevo para contar que enchemos, mais uma vez, 600 garrafas de suco de maçã! Sim, elas voltaram! Tendo a melhor safra de todos os tempos, o colégio encarou o segundo dia do “Apple Pressing” – algo inédito. Só posso garantir que eu bebi, pelo menos 2 litros de suco hoje... rs.
Desenho feito por uma criança no nosso "quadro de avisos"

Apple Pressing - o roterno da produção

1 de nov. de 2010

De bem com a vida

Após uma semana livre – teoricamente dedicada aos estudos – o final de semana foi repleto de celebrações. Primeiramente, após quase 3 semanas, o grupo de mestrandos – a grande família composta por 17 integrantes – está novamente completo (um dos nossos companheiros teve que voltar aos país de origem por motivo de saúde, mas, felizmente, está recuperado – e de volta). E ontem, domingo, celebramos o Helloween. A tradição estado-unidense promoveu a diversão de fazer arte em abóboras, além de servir como mais uma desculpa para fazer uma refeição ainda mais especial.
Porém, mais do que tudo isso, temos tido o privilégio de observar o outono e toda a colorida transformação que ele oferece. Diante de um fenômeno tão natural, celebramos a transição que também está acontecendo em nossas vidas.
O colorido da estação
Início da trilha que conecta o colégio a cidade
O nosso querido mentor Satish chegou a tempo de não só celebrar conosco, mas também de compartilhar as ideias apresentadas na palestra em que ele esteve nesta semana em Londres sobre “Turista e Pelegrino”. Sob o ponto de vista dele, a grande diferença é expressa através dos objetivos de cada um. O turista objetiva o desejo; o desejo de visitar os lugares famosos, de comer a comida típica, de comprar tais coisas... enfim, tem uma viagem planejada e, por isso, previsível. Já o pelegrino almeja o amor envolvido na cooperação, já que encontra-se numa posição onde o momento presente é a prioridade e, muito mais do que o resultado, a jornada é o que importa. Estando numa situação receptiva como essa, somos capazes de aproveitar os momentos e oportunidades inesperadas que promovem grande surpresas - como as que eu venho tendo por aqui.
Só pra celebrar a alegria

25 de out. de 2010

Apple Pressing Day

A aventura começou às 9.30h do domingo. Caixas e mais caixas de maçãs colhidas no pomar localizado há menos de 10 minutos de uma caminhada cercada pela tradicional paisagem rural aguardavam para serem processadas. Assumindo o trabalho, professores, voluntários, estudantes da Schumacher e pessoas – incluindo várias crianças – da comunidade local se revezavam nas diversas etapas da jornada (entre a fruta e o suco) e, ao final de um longo dia, comemoramos a produção de mais de 800 garrafas de suco de maçã!
Dá-lhe maçã!
Trabalho coletivo
Apenas mais uma coolaboradora
Mantendo uma visão de longo prazo – considerando o inverno rigoroso – o evento se tornou uma divertida oportunidade de reunir membros do colégio e da comunidade local além de uma celebração da natureza que neste ano nos presenteou com uma farta e incomum produção/colheita.
Foi bonito e emocionante ver o senso de integridade e cooperação em um dinâmico time que estava lidando com algo tão natural, simples, e familiar como uma maçã. O resultado de quase mais de 12h de trabalho se tornou mais um exemplo de uma ação holística expondo a importância de todas as partes em um sistema.
No final do dia... mais de 800 garrafas de suco!!!

19 de out. de 2010

Dia de folga

O título do texto não está bem de acordo com a proposta da nossa terça-feira (ontem) que na verdade era “dia de estudo”. Acontece que diante de uma agenda tão intensa envolvendo aulas, trabalhos, palestras e tudo mais que ocorre por aqui, estávamos cansados e junto com 3 amigos do curso, resolvi ir a Dartmouth, uma cidadezinha próxima a Totnes.
Partindo de barco pelo rio Dart – um dos mais bonitos do Reino Unido –, apreciamos a viagem de 1.30h passando por pequenas e coloridas vilas. Também vimos a casa onde a escritora inglesa Agatha Christie morou (onde hoje em dia é um instituto) e algumas mansões – entre elas, um exemplar que vale mais de 4 milhões de libras(!!!).
Ex-casa da Agatha Christie onde, atualmente, é um instituto
Passeando pelas ruelas charmosas da cidade, paramos para experimentar a cerveja local acompanhada do tradicional fish&chips inglês, fugindo assim totalmente da dieta saudável que temos tido. Mas valeu a pena, pois nosso almoço estava delicioso – ainda mais a beira-rio.
Até pescar nós tentamos, mas não foi dessa vez que pegamos alguma coisa. De qualquer forma, foi bem divertido.
Centro de Dartmouth
Dartmouth vista pelo deck
Renovados pela maresia, regressamos de ônibus a Totnes, e caminhamos pela trilha de volta ao colégio. Durante o percurso, fizemos uma parada para o piquenique (jantar) em meio a um campo de rubgi – o esporte tão tradicional aqui quanto o nosso futebol.
Ao chegar a Schumacher, uma jarra de suco de maçã natural, super fresco e gelado, estava sorrindo, pronta para finalizar o dia com chave-de-ouro – assim como nós.

11 de out. de 2010

Graças da vida

Ontem celebramos o Dia de Ação de Graças (Thanksgiving Day)! Uma das estudantes é canadense e propôs a festa, já que é algo bem simbólico na cultura dela. Tivemos um jantar delicioso, mas muito mais do que a comida, o processo de preparação que envolveu todas as pessoas do grupo foi especialíssimo e lindo. Guiados por um livrinho chamado “Greetings to the Natural World”, agradecemos as pessoas, a Terra mãe, a água, aos peixes, as plantas, as ervas medicinais, aos animais, as árvores, aos pássaros, ao vento, aos trovões, ao sol, lua e as estrelas, aos professores e, para concluir, ao criador. Eis mais uma noite iluminada.
Mesa do jantar

Torta típica - e deliciosa
Falando em coisas boas da vida, aproveito para registrar uma coincidência que simboliza o quanto nossas vidas estão conectadas a algo muito maior.
A primeira vez que soube da Schumacher foi através de uma matéria publicada na revista Vida Simples sobre o Satish, (http://planetasustentavel.abril.com.br/noticia/atitude/passos-gandhi-490862.shtml) em agosto do ano passado. Ao lê-la senti uma inexplicável energia e como não tinha a intenção de comprar a revista, escrevi na minha mão: “Schumacher College”, “Satish Kumar” e “No Destination” – o nome de um dos livros que ele escreveu.
Assim que cheguei em casa acessei o site da escola e desde então estar aqui era – e ainda é – um sonho.
Um dia desses, conversando com a minha amiga brasileira Gi que está sendo voluntária na escola por mais ou menos 2 meses, contei essa história e, de repente, lá estávamos nós chorando de alegria. Foi ela quem escreveu a matéria!!!
Sem muita explicação, mas com um sorriso no rosto, agradeço por mais uma experiência que comprova como a vida é bela.
Gisele, Satish e eu com a revista que, sem exagero, mudou a minha vida

1 de out. de 2010

Inspiração natural

Após estudarmos astro e cosmologia, e nos envolvermos em um processo interessante e intenso sobre a linguagem corporal dos animais, tivemos esta semana “livre” – o que significada focada nos estudos e no trabalho de 3000 palavras que temos que escrever sobre o primeiro módulo chamado ‘Ciência com qualidade’.

Salada florida
Entre as atividades, tivemos a oportunidade de ir conhecer a Universidade de Plymouth (a 35 minutos de trem partindo de Totnes) com a qual o colégio mantém parceria. Apesar de ter estranhado estar em uma cidade rodeada por concreto, agito e barulho, foi bom ter sentido um pouco da energia do reluzente oceano.

Plymouth
Na quarta-feira fomos ver de perto o projeto Embercombe (http://www.embercombe.co.uk/). Entre preparar o pomar de maçã para o inverno que se aproxima, e experimentar frutas diferentes da horta totalmente orgânica, ter presenciado tamanha prática voltada à conscientização ambiental, social e espiritual, despertou um sentimento de que por mais impossível que possa parecer a princípio, todo sonho é passível de realização – basta acreditar e persistir. A missão do projeto demonstra o quanto especial o lugar e as pessoas são: “Nossa missão é tocar os corações, estimular mentes e inspirar ações comprometidas com um verdadeiro mundo sustentável”. Ok, missão cumprida.

Vista da sede do projeto

Alegria em meio aos tomateiros

Horta orgânica

19 de set. de 2010

Aperfeiçoamento

Após uma intensa semana estudando plantas através da ciência desenvolvida pelo pensador e escritor alemão Goethe, sinto uma conexão ainda mais forte com a natureza e com todo o ensinamento que ela fornece para aqueles que aprendem a observar e sentir. Graças à nossa mentora Margareth, desenvolvemos um novo olhar e um vínculo ainda mais profundo e enriquecedor com o meio natural.
Analisando o desenvolvimento das folhas de um mesmo caule
Margareth Colquhoun: incrível ser humano
Na sexta-feira, dia 17, por conta de uma das estudantes ser de Israel e judia, celebramos o Yon Kippur - um dos dias mais importantes do judaísmo no qual o jejum de 25 horas e a reza intensa são, entre tantas outras práticas, as mais simbólicas. Segundo o calendário hebreu, o dia começa no crepúsculo que inicia o décimo dia do mês hebreu de Tishrei e continua até o seguinte pôr do sol. Para apoá-la eu e outros estudantes adotamos o jejum, mas sem a restrição de água. A experiência foi válida considerando a simbologia do gesto, mas confesso que a ansiedade despertada pela privação de comida foi difícil de controlar mesmo com a prática de meditação ou com a terapia natural através da coleta de maçãs no pomar. Enfim, após longas 25h, o jantar de ontem estava delicioso!
Pomar super produtivo
Término do jejum!!!