25 de mai. de 2009

O poder do consumo

O ato de consumir é a ferramenta mais eficaz que dispomos para mudar a atual – e insustentável – situação do planeta.
Desde a nossa alimentação, passando pelas empresas das quais usufruímos, pelas marcas que estampamos, pelos métodos que usamos para promover o nosso bem-estar (físico, mental e espiritual), pelo canal – e programa – que assistimos, tudo consiste em opções. Opções que fazemos e que trazem, invariavelmente, diversas implicações.
Devemos atentar para a quantidade de energia despendida para gerar determinado produto, refletindo sobre todo o processo de fabricação, e qual será o benefício que obteremos. Os produtos químicos, o sistema de trabalho da empresa, o transporte envolvido (e com ele, uma quantidade significativa de poluição), a idoneidade, ética e responsabilidade social do fabricante e do produto, a embalagem, os valores agregados... enfim, pensarmos o por quê e para que queremos isso ou aquilo? Tal “coisa” é realmente necessária? O que isso vai acrescentar à minha pessoa? O que esta compra, audiência e escolha apóia e sustenta?
O gesto de escolhermos, pagarmos e usarmos (afinal, por que comprarmos coisas que não usaremos?) tem reflexo em todos os pontos da cadeia produtiva, desde a extração dos recursos até a pessoa que receberá a maior fatia do lucro. Por isso, atente-se na hora de abrir a torneira, a carteira, apertar um botão, vestir uma roupa...

12 de mai. de 2009

Quitanda urbana

Certa vez, viajando do RS ao MT, durante uma parada para o almoço numa cidadezinha no MS, reparei que esta abrigava frondosas mangueiras e mamoeiros. Abrigava no sentido de que a arborização urbana era, predominantemente, composta por pés de manga e de mamão, frutas muito nutritivas e saborosas.
Ocorreu-me que ao menos naquele lugar a pessoa mais necessitada e sem condições não passaria fome. Claro que uma dieta a base de duas frutas está indescritivelmente longe de ser a ideal, mas não deixa de ser infinitamente melhor do que nada.
Num planeta onde uma em cada sete pessoas padece de fome – e, ressalta-se, que não é por não haver alimento suficiente e sim pela má distribuição do mesmo – semear árvores frutíferas na área urbana, com frutos destinados a todo e qualquer interessado, torna-se uma alternativa simples, barata, agradável, democrática e plenamente viável.
Da mesma forma, ao observarmos as hortas comunitárias, constatamos o amadurecimento da ideia de que quando o engajamento é coletivo, o sucesso mostra-se uma consequência natural.
Que venham muitas mangueiras, mamoeiros, pitangueiras, amoreiras, laranjeiras e outras inúmeras delícias da natureza. Que venham as aves e todos os polinizadores. Que venha a alegria de comer uma fruta diretamente do pé e sem agrotóxico. Que venham maravilhosos e adocicados cheiros. Que venha o colorido. Que venha a saúde e a nutrição. Que venha e beneficie todos.

3 de mai. de 2009

Progresso e retrocesso

Nesta semana a Datafolha divulgou uma pesquisa em que 94% dos entrevistados – num total de 2.055 – preferem a suspensão do abate de árvores, mesmo que isso signifique frear a produção agropecuária. Tal resultado expõe um avanço na consciência sobre a forma de produção, já que quando esta é feita da maneira convencional, o efeito sobre o ambiente é drástico e insustentável.
Em contrapartida, recentemente, o governo de Santa Catarina aprovou o Código Ambiental Estadual que contraria o Código Ambiental Federal, negligenciando, explicitamente, o nível hierárquico. O ponto mais polêmico do código diz respeito à mata ciliar, que protege as margens de nascentes e rios e é área de preservação permanente. A legislação federal diz que essa faixa de mata deve ter, no mínimo, 30 metros. Pela lei catarinense, a proteção seria de irrisórios cinco metros em caso de pequenas propriedades, e de dez metros para as propriedades com mais de 50 hectares.
O simples argumento de que reduzindo a vegetação haverá mais infiltração e mais erosão – desencadeando deslizamentos – não foi suficiente para barrar esta proposta absurda.
Ressalva-se que nosso ministro do Meio Ambiente – Carlos Minc – declarou que quem não respeitar a lei federal no estado será multado pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama).
E assim, a passos curtos, vamos caminhando... uma melhora aqui, um deslize acolá, ao menos estamos debatendo os problemas e desenvolvendo soluções.