24 de fev. de 2010

Mix cultural


O maior aprendizado ao morar no exterior – especialmente em Londres, referência mundial da diversidade - é o contato diário com culturas completamente distintas. Naturalmente, os orientais são os que chamam mais a minha atenção, mas cada povo, cada etnia, tem a sua peculiaridade.
Uma colega da Bélgica, por exemplo, estava contando que um dos graves problemas em seu país é o fato de existirem dois idiomas. Por conta disso, tem se desenvolvido um movimento separatista que - como ela acredita - em breve se transformará em guerra. E, surpreendentemente, foi esta a causa do recente acidente com o famoso trem Eurostar: falha na comunicação por conta dos diferentes idiomas. Por outro lado, um fato positivo do país é que, por ter um governo socialista, a desigualdade social é quase inexistente.
Outra boa – e grande – surpresa foi saber que o casamento entre homossexuais é permitido na China! Sim, contrapondo todos os paradigmas, o país que sempre foi referência sob o quesito conservadorismo, se mostra – ao menos sob este foco – revolucionário e democrático.
Em relação aos italianos, foi interessante aprender que após o colegial - fase em que a maioria dos estudantes tem 19 anos – é cada vez mais comum (e incentivado) destinar o ano seguinte ao trabalho voluntário e à reflexão sobre o curso a ser prestado para ingressar em uma universidade. Ah, e a música "Aquarela do Brasil" (Ary Barroso) não só é famosa entre esse povo, como também faz o maior sucesso em grandes festas.
Conheci uma menina vinda de Luxemburgo - um pequeno país que até então não sabia que existia! Lá, além do idioma nativo - geralmente falado dentro de casa -, as pessoas falam francês (durante o ensino fundamental) e alemão (durante o ensino médio).
Hoje a minha nova colega (natural da Arábia Saudita) perguntou ao professor se poderia sair durante a aula para rezar. Mulçumana de nascença, explicou-nos que além de ter que rezar 5 vezes ao dia, o Alcorão prega que ela não deve beber bebida alcoólica, ter relação sexual antes do casamento, mentir, e, principalmente, deve respeitar o Ramadã – período durante o qual o jejum desde o nascer até o pôr-do-sol é obrigatório.
Durante a aula, estávamos conversando sobre roubo e ela comentou “no meu país a gente não tem esse tipo de preocupação”. Quando eu indaguei sobre a razão, a resposta foi “porque se alguém tentar nos roubar terá a mão amputada”. Simples assim.
E, para concluir, comento sobre o divertido impasse com a minha amiga colombiana que acredita – ou melhor, jura – que pão-de-queijo e brigadeiro são típicos – e originais – da Colômbia! Sem falar no café...




15 de fev. de 2010

Cidade universitária

Domingo, Valentine´s Day, tive a oportunidade de ir à Cambridge - a cidade que transpira ciência.
Com 28 merecidamente reconhecidos e badalados Colleges - e seus mais de 800 anos de história -, o passeio intensificou, ainda mais, a contínua busca pelo conhecimento.
Conhecemos a universidade onde Isaac Newton estudou e, diz a lenda, foi lá que ele acompanhou o cair de uma maçã, despertando a ideia do que viria a ser a teoria da gravidade. Vimos o apartamento onde Charles Darwin morou em 1836, e a universidade na qual o príncipe Charles estudou arqueologia. Acompanhamos também um pequeno grupo celebrando o Ano Novo Chinês, evento comemorativo que fomos ver no sábado, em Chinatown, em Londres - a mais organizada no exterior -, mas que, infelizmente, chegamos tarde.
O termômetro que, no auge do dia, atingiu zero grau contribuiu com o clima charmoso e cinematográfico do agitado centro aonde turistas de todas as nacionalidades podem ser encontrados.
Para a minha feliz surpresa, não bastando conhecer três pessoas do Brasil, descobri que os três são estudantes na UFSM - aonde estudei (a expressão “mundo pequeno” tem fundamento)! Não só matei a saudade do português, como a de ouvir tu, guri, piá, bota, e toda a graça do familiar sotaque cantado.

E ontem, celebrando a alegria, após 1 mês e meio, encontrei uma bandejinha com sushis que custa £4, e tive o prazer de apreciar a minha comida preferida sentada em um banco na maior estação de trem e metrô de Londres (Waterloo Station).

5 de fev. de 2010

Moderno e clássico

Nesta semana fiquei surpresa ao entrar em um supermercado aonde não havia uma pessoa trabalhando no caixa, isto é, não havia caixa no caixa. Eis o sistema: o cliente entra, escolhe os produtos, passa-os no leitor de código de barras - ou se for o caso de frutas e verduras, pesa -, coloca as compras nas sacolas (que, aliás, geralmente são cobradas) e paga à máquina! Pode ser em dinheiro ou cartão. Simples, eficiente, e, assim espera-se (do verbo “esperançar” e não “esperar”), honesto! É bom reforçar a ideia e exemplo de que podemos contar com pessoas de boa índole, especialmente atualmente.
Ultimamente, tenho optado por conhecer lugares e eventos clássicos em Londres como a troca de guardas no Buckingham Palace (uma das residências da rainha que conta com exacerbados 600 quartos, 78 banheiros e 92 escritórios), o grandioso British Museum, a história mantida em pé da Tower of London, e, o mais divertido de tudo, sentar na primeira fila do segundo andar de um tradicional ônibus vermelho e contemplar o ir-e-vir da vida londrina.
Esteja certa (o): a cidade é linda, o frio é intenso e a riqueza cultural é fascinante. Um verdadeiro privilégio!