Batizado: meus padrinhos/avós |
Os dois gostavam de jogar baralho e assistir novela. Também gostavam de
percorrer a cidade em busca das promoções do dia nos supermercados.
O vô era quieto e introspectivo. Sua grande paixão (além da vó) era
música, e foi ele quem abriu as portas deste mundo pra mim. Palmeirense
convicto, gostava de ouvir as partidas
de futebol no rádio enquanto ia a ‘Lençóis de Paulista’, como chamada sua sagrada
soneca após almoço.
A vó já era agitada e barulhenta. Matriarca de primeira, cuidava de tudo
– e de todos – sendo que para isso dependia do vô como motorista já que nunca
aprendeu a dirigir.
A vó cortava nossas unhas, removia os piolhos com coca cola, fazia
gemada e rabanada pra gente. Não tinha preguiça e parecia não ter ‘tempo ruim’
pra ela.
O vô era um ótimo datilógrafo e um eterno curioso. Quando o pai comprou
um computador no leilão lá pra casa, o vô ficou fascinado pelo teclado
delicado, internet (discada) e, especialmente, com a impressora. Em relação aos
prazeres culinários o negócio do vô era mesmo bananas e, em ocasiões especiais,
pizzas. Também ficava feliz quando eu preparava uma batata cozida com requeijão e bacon
pra ele.
Os dois sempre foram muito generosos e pacientes (ao menos esta é a perspectiva de uma neta – e afilhada).
Gostavam de ir à Bertioga nas férias e pareciam gostar de ver a casa cheia com
a família buscapé.
Quando eu ia dormir na casa deles, me deixavam ficar acordada até tarde
(o que não era permitido em casa). A vó gostava de rezar após a novela e, se eu
aguentasse ficar acordada, o vô deixava eu assistir o programa do Jô Soares com
ele.
A vó sempre gostou de cozinhar (era fã da Ana Maria Braga) e cuidar dos
outros, sejam pessoas necessitadas que pediam o apoio da igreja, seja um membro
da família passando por dificuldades. Algo que impressionava a todos, era que a
vó praticava yoga regularmente e plantava bananeira mesmo depois de ter
completado 70 anos.
Eles mantinham uma lata/caixa/cesta cheia de chocolates só para os
netos. No Natal, faziam lembrancinhas cheias de guloseimas para as crianças.
Gostavam também de contar histórias de um passado em que não havia TV e nem
asfalto na vila.
Minha mãe contou que quando eu era bebê e ela ficou muito doente, meus
avós prometeram que iriam cuidar de mim. Por conta disso, quando eu tinha 10
anos, os escolhi como madrinha e padrinho no meu batizado tardio. Lembro como
eles ficaram emocionados quando receberam o convite...
A verdade é que esta dupla era e sempre será muito especial. Bons
corações, pessoas do bem, amados avós e padrinhos. Teroca está velhinha e, como
o Frê disse, está se preparando para encontrar com o vô. Eu, estando aqui, só
desejo mesmo que vocês estejam – e fiquem – bem. Um dia desses a gente vai
comer aquela bacalhoada aí no céu. Todos nós juntos novamente.