14 de fev. de 2011

Muito o que viver por aqui

Ontem o jantar foi brasileiro. No menu, muqueca de tofu e cogumelo, pirão, arroz e salada. E claro, muita alegria e música para acompanhar...
Quase tudo pronto
Menu da noite
A grande família. Atente ao detalhe nas garrafas de água...
Hoje era para termos tido aula com Bunker e Aruna Roy, um casal de indianos que fundou este centro de aprendizado: http://www.barefootcollege.org/. Entretanto, eis que o Dalai Lama - sim, o próprio - está hospedado na casa deles e ele não estava se sentindo muito bem. Por conta disso, eles ficaram mais um dia e, se der tudo certo, chegarão amanhã...
De qualquer forma, tivemos uma revisão sobre Gaia com o Stephan e uma conversa com o Satish – o que é sempre muito bom.
À tarde tivemos uma sessão chamada "tutorial" com os nossos professores para conversar sobre o curso. Um dos grandes diferenciais do colégio é que temos liberdade e espaço/oportunidade para expor nossas opiniões, reivindicações, sugestões...
Incluindo a reflexão matinal em grupo, o trabalho comunitário do meu dia foi preparar o jantar. Tendo o Stephan como surpervisor, fizemos pizzas com cogumelos, abobrinhas, pimentões, tomates, queijo e manjericão... ótima pedida! Isso tudo com direito a violão e batuque na cozinha (nas panelas, mais precisamente).
Após o super jantar que contou até com bolo de chocolate em forma de coração para celebrar Valentine´s Day, tivemos uma palestra sobre o trabalho do Lucas (um dos brasileiros que está fazendo o curso conosco), além do Ben explicando sobre o estudo do chileno Max-Neef sobre necessidades humanas, que, segundo ele, é regida por 9 categorias fundamentais: subsistência, proteção, afeto, compreensão, participação, lazer, criação, identidade e liberdade. E assim as ideias para a futura dissertação vão sendo lapidadas...
Pessoas especiais...

Presente especial





11 de fev. de 2011

Diário privilegiado

Mais um dia chegou branquinho por conta da geada, e bem musical devido ao canto dos passarinhos que estão felizes com a transição das estações. Nos jardins, pequenas e encantadoras plantinhas chamadas snow-drops (pingos-de-neve) estão emergindo trazendo alegria e colorido após um rigoroso inverno inglês.
Snow-drops simbolizando a transição
Vista da janela do quarto da Kyoko
O almoço, além de uma comida deliciosa, contou com uma conversa produtiva e inspiradora com o professor Stephan, o coordenador do curso e um dos seres iluminados que participou da fundação do colégio. Sempre cheio de entusiasmo e simplicidade, ele proveu ricas contribuições para o processo de escolher o tema da minha dissertação – que ainda está em desenvolvimento.
A tarde trouxe a inesperada visita de um musicista inglês apaixonado por Tom Jobim e Chico Buarque. Junto com a Clara, tocamos, cantamos, nos divertimos e alimentamos a alma carecida de boa energia brasileira. Entre tantas surpresas, recebi um pacotinho de mimos da minha família que continha até minha pasta de dente favorita.
Agora que o colégio ganhou mais um violão e um instrumento de percussão, a meia hora que antecede o jantar e que geralmente era destinada à meditação, foi preenchida pela reunião de um grupo que se diverte com qualquer “barulho”, e que agora se reúne periodicamente na sala do prédio principal.
Coisas boas da vida
Após o jantar, mais uma sessão com o Satish ocorreu na biblioteca, à luz de velas e da lareira. Tendo o tema proclamado por Gandhi de “ser a mudança que você quer ver no mundo”, Satish recordou a importância de mantermos nossas convicções, nossos valores e nosso coração como guias, além de frisar que devemos criar os nossos empregos/ofícios, pois só assim seremos capazes de viver plenamente, tendo princípios positivos e reais (em vez de dinheiro, status e posses materiais) como alicerce. Quando questionado sobre como obter coragem, ele respondeu que devemos nos livrar do medo – que nos priva de tantas oportunidades. Para que isso aconteça temos que confiar em nós mesmos, nos outros e, principalmente, no Universo que desde o momento em que nascemos nos apóia e nos presenteia com grandes surpresas.

4 de fev. de 2011

Módulo 3

O módulo do curso que estou fazendo agora chama “Desenvolvimento Transformativo”. No começo da semana tivemos aula com Ian Christie, que introduziu o assunto ressaltando o quanto os erros são importantes para o desenvolvimento, além de dizer que estamos numa época tão crítica que também representa a melhor oportunidade para a mudança ocorrer. Interessante também o relato de um estudo sobre o quanto casais que estão esperando o primeiro filho e pessoas recém-aposentadas vêm o mundo e têm expectativas diferentes da maioria, já que se encontram numa posição de esperança e de receptividade total à mudança.
Também temos tido aula com Robert Chambers – um senhor sábio, genuíno, simples e engraçadíssimo. Entre tantos projetos, ele trabalhou com o System of Crop Intensification (Sistema de Intensificação de Colheita) em alguns países da África e Ásia, onde um novo método de produção (inicialmente de arroz) foi desenvolvido, reduzindo 40% o uso de água, 50% o de fertilizantes e 20% do custo total de produção. Basicamente, a grande diferença ocorre no plantio que geralmente é feito usando sementes (freqüentemente mais de uma por cova, o que gera competição e retração dos futuros brotos) em solo traumatizado por conta da repentina remoção de plantas – e raízes – da cultura anterior. Na produção tida como “alternativa”, a plantação é feita com plantas com 15 dias de germinação, numa maneira delicada/cuidadosa, num solo relativamente descansado e, portanto, mais receptivo e fértil.
Robert: mais um grande presente de sabedoria e inspiração
Indonésia: diferença entre o arroz produzido através do SCI e do jeito convencional
Outro projeto no qual ele está envolvido chama Community-led Total Sanitation (http://www.communityledtotalsanitation.org/), que visa instruir comunidades, especialmente na Índia, no Quênia e em Uganda sobre a importância de defecar em um lugar "apropriado" (um buraco com tampa para evitar o contato de moscas com as fezes). Usando metodologia participativa, em que as alternativas são desenvolvidas - e construídas - pelos próprios “beneficiados”, o resulto tem sido incrível e, aos poucos, simbólicas contribuições estão acontecendo, fazendo da ideia uma realidade.
Um exemplo de banheiro contruído pela comunidade