26 de out. de 2011

Nossa (criativa) origem

Flor da permacultura - ética e princípios
Permacultura pode ser definida como ‘método holístico para planejar, atualizar e manter sistemas de escala humana (jardins, vilas, aldeias e comunidades) ambientalmente sustentáveis, socialmente justos e financeiramente viáveis’. O termo é a combinação de ‘cultura permanente’. Meu entendimento simplifica o conceito para observe o que há ao redor; observe a natureza; tudo é um recurso; a criatividade é o limite - como diz uma amiga; e coopere.
Em 2008 fiz um curso de sobrevivência na selva, na Amazônia. A intensa aventura reforçou a magia da natureza, suprindo (e até excedendo) todas as nossas necessidades. Seja nutriente, água, abrigo ou ferramenta, tudo está logo ali – logo aqui ao nosso redor. Basta harmonizarmos nossas intenções (e instintos) com a capacidade e determinação de inventar e descobrir.
Satish Kumar (o querido visionário do Schumacher College) diz que nossa essência é cultivar o que comemos em casa, movimentar o nosso corpo, preparar o nosso pão, costurar nossa roupa e utilizar os recursos que temos para criar algo novo – sempre útil e bonito. No entanto, o que temos hoje é uma cultura que, para muitos, exige passar o dia sentado em frente a uma máquina, comer algo nada fresco (e que quase sempre não é saudável), retornar a casa após um dia estressante (e esta palavra nem existia!), e zumbizar em frente a uma outra máquina – que desta vez é falante.
Lindo momento durante o III Encontro Geral da Escola Umbuzeiro, na Bahia
Um dos maiores aprendizados ao longo dos dias que eu estava envolvida com o projeto da Escola Umbuzeiro, no semiárido baiano, foi em relação à eficiência que as pessoas têm ao transformar tudo: construir estruturas, potencializar o uso de recursos, e desenvolver algo novo. Desde trava para porta, passando por captação de água da chuva e sistema de irrigação da horta, até a construção de um quiosque lindo, de um forno de cob, além de banheiros com sistema elétrico e hidráulico em pleno funcionamento, tudo consistia em uma ‘alternativa’, em algo novo e criativo.
A mudança das nossas referências – atualmente tão focadas em dinheiro e posse material – traz mudanças para a qualidade de vida, e para o mundo como todo. Nossas escolhas pessoais interferem na teia da vida que, assim acredito, voltará a estar baseada no cuidado da nossa essência, da terra, do coletivo, da bondade e do amor.

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