22 de abr. de 2011

Encerrando mais um capítulo

Ontem, dia 21, foi, oficialmente, o último dia do curso de Ciência Holística.
Estamos em clima de despedida desde o último final-de-semana, quando o primeiro do grupo de mestrandos retornou ao país de origem (no caso, Johan, da Grécia).
Tradicionalmente, em todos os cursos que acontecem na Schumacher há o “opening” e o “closing circle”. O nosso aconteceu na sexta-feira à noite, após um jantar especialíssimo na biblioteca.
Após 8 meses vivendo em comunidade, os 17 mestrandos e os principais professores se reuniram novamente no lugar onde a aventura começou. Muito mais do que o conteúdo acadêmico, as reflexões feitas por cada um revelaram a importância do senso coletivo e cooperação que é tão estimulado aqui.
O colégio é famoso por contar com a presença de renomados cientistas, artistas, filósofos e pesquisadores; pessoas do mundo inteiro vêm pra cá alimentar o interesse e a busca pelo conhecimento pessoal, ecológico e transformativo; a comida certamente é da melhor qualidade disponível; o lugar transpira uma energia de consciência e bondade; não há pernilongos por aqui; do quarto, houve-se galos e vacas dos vizinhos; os pássaros compõem um coral hiperativo; e os esquilos alegram o nosso cotidiano; a horse-chestnut tree – frondosa árvore emblemática do colégio – nos lembra o quanto mutação é natural; os bosques do fundo e o Dartington gardens nos presenteiam com exuberância natural e ar fresco; conversas interessantes e profundas emergem há todo momento, especialmente na snack area e na lavanderia; todos os aniversários são celebrados com lindos e deliciosos bolos feitos pela Julia; todas as madrugadas a cozinha nos convida com o cheiro de pães frescos feitos pela Voirrey; o café-da-manhã é incrementado pelo suco de maçã que produzimos juntos; a biblioteca oferece um ambiente com 700 anos de histórias e um repertório especializado em um mundo melhor; a lareira conforta durante o inverno rigoroso e ilumina reuniões casuais da comunidade; os instrumentos musicais dispõem de bom-humor e paciência com àqueles que não estão muito familiarizados com eles; Satish abençoa a vida de todos com os olhos radiantes e serenos de um ser extremamente sábio e humilde; o bar está sempre a postos para todo os momentos de celebração ou crise; a mesa de ping-pong proporciona inúmeros benefícios durantes os breaks (especialmente entre um essay e outro); tocar o gong para avisar que a refeição está pronta é a melhor parte das nossas atividades; o fato de brasileiros sempre virem pra cá traz uma boa – e familiar – qualidade; os cookies oferecidos nos intervalos das aulas são perigos, pois é impossível comer um só; o processo de compostagem de alimentos orgânicos é impressionante e inspirador; as reuniões matinais consistem de uma oportunidade para inesperadas e divertidas surpresas; frases clássicas como “tudo é uma questão de relacionamento”, “o todo é maior do que a soma de todas as partes” e “deixe isso emergir” são mais freqüentes do que podemos imaginar; os cogumelos são maiores do que a palma da mão; o som do piano preenche o The Old Postern e o coração de todos os que estão no prédio...
Poderia escrever ainda muito mais sobre as qualidades deste lugar tão especial. A verdade é que mais do que tudo, viver aquilo em que se acredita, com pessoas que compartilham valores éticos, ecológicos e humanitários, num lugar tão bonito e energizado como aqui é um privilégio que só pode ser entendido na prática.

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