29 de mai. de 2011

Fora da bolha

Último almoço no Schumacher College. Um lugar especial com pessoas especiais
Após deixar o colégio e, mais do que isso, regressar ao Brasil onde a vida é tão diferente da que eu estava tendo, a adaptação, inevitavelmente, requer mais do que um esforço, uma receptividade e consciência para que as coisas boas por aqui sejam aproveitadas e valorizadas.
No dia-a-dia observo o trânsito, o barulho, os grandes prédios, o agito. A qualidade de vida transita num ritmo acelerado, sob um estilo que me inquieta e, frequentemente, parece louco.
Tenho estranhado o preço (elevado) de tudo. Estranho também ligar a televisão e não encontrar nada interessante mesmo diante de inúmeros canais. Mais do que tudo, estranho sentimentos como o medo da violência, a tristeza ao deparar com tanta desigualdade em cada esquina, e a inconformidade sobre como, de alguma forma, nos acostumamos a isso.
Não que eu tivesse me esquecido ou que no Reino Unido seja tudo como deveria ser. Apenas é muito fácil incorporar o que nos é natural – e de direito. Andar pelas ruas sem nada a temer; deitar (e dormir) nos parques com tranquilidade; utilizar banheiros públicos extremamente limpos e bem localizados; saber que aquela pessoa que está bebendo na rua ao lado de um recipiente para colocarmos moeda está ali, pois está optando por isso, já que há várias opções de abrigos que oferecem as condições mínimas e decentes para àqueles que não podem prover o básico.
Diante de tais reflexões, aproveito para ponderar o que é positivo, o que faz bem. E também para compartilhar que um dos grandes aprendizados ao morar em outro país é valorizar a cultura brasileira e toda a alegria e simplicidade que compartilhamos.
Adoro carregar meu sobrinho que só recentemente conheci. Mais do que vê-lo, a emoção ao carregá-lo foi indescritível;
Joãozinho
Juju
Surpreendo-me ao ver minha outra sobrinha agora falando. A personalidade que já é evidente é também cheia de desejos, sonhos, curiosidades, birras, graça e charme (me flagro falando “nossa, como ela cresceu!” – e recordo do quanto eu não gostava deste comentário);
Rever minha família busca-pé nutre um vínculo único – e que me faz muito bem;
Amigos queridos me presenteam com uma surpresa calorosa e é ótimo sentir a boa energia de todos;
Recepção a la Brasil
O-jeito-brasileiro-de-ser nas ruas, conversando com estranhos, remete à alegria e curiosidade;
A variedade de frutas tropicais e o feijão que não é enlatado (nem adocicado) promovem um sabor familiar e do qual eu estava saudosista;
E assim mais uma aventura começa e, certamente, reserva grandes surpresas...
Para uma brasileira que não encontrava mamão nem em Londres, ver pés como estes transforma-se num evento

2 comentários:

  1. Mi, fiquei emocionada com seu post.
    Sei que não é fácil, mas conte comigo para tentar te ajudar a fazer ser um pouquinho mais fácil.
    E que dure o tempo que tem que durar.
    Beijos, welcome back :)

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  2. Ai ai... conheço essa "dorzinha", querida Miretlla. Se adaptar novamente não é tão simples, mas vc está no caminho certo, tentando ver a parte bela de onde estamos. Leva um tempo, as coisas vão se assentando dentro de nós. O importante é você começar a trabalhar em algo que te dê prazer e que vc sinta que de alguma forma está contribuindo com o outro ou com você mesma. Também ajuda vc começar fazer algumas coisas que vc gosta. Que tal começar a fazer Yoga? Bjinhos Zezé

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